Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, Clarice Lispector #Dicadeleitura T1E3

Link para o livro aqui.

Das leituras de Clarice, essa foi a minha mais atual. Entramos em um debate em casa sobre o livro estar centrado no eu feminino da personagem Lóri (Loreley) ou na ideia de “deus”. De tudo o que aprendi lendo, o universo de Clarice Lispector, sem dúvidas, foi minha maior descoberta.

“Bom dia, boa tarde, boa noite

O tempo na internet é fluido e você pode estar ouvindo isso as 10h da manhã ou da noite, enfim..

Saibam que um dos encantos de ser um professor em um ambiente online é que isso pode facilitar o timing da aprendizagem…

Por exemplo, eu funciono melhor de manhã, então produzo de manhã.

Se você aprende melhor a noite, é só consumir o material a noite.

Enfim um encontro perfeito na educação. Um professor com vontade de ensinar e um aluno com vontade de aprender.

Estou no paraíso, que abundância meu irmão.

Vamos direto ao ponto agora.

Chegou o dia de falar de Clarice Lispector aqui.

E isso ter a ver com paraíso e com vontade.

Acreditem.

Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres é o título do livro.

E olha a gente aqui falando de aprendizagem, vontade, paraíso e prazeres…

A Clarice escreve como quem faz uma respiração meditativa.

Você lê como quem inala as palavras, para um pouco porque precisa segurar o ar para que as palavras oxigenem o cérebro, e exala toda poeira que escondia seus sentimentos e sensações mais profundos.

Lóri é a personagem principal, uma mulher no meio de um processo de autoconhecimento. Ulisses, é quem surge na vida dela e propõe uma anti-conquista.

Eu falo anti-conquista porque ele não está para seduzi-la simplesmente como nos romances best-sellers da Amazon ou os filmes mais assistidos da Netflix.

A proposta é que ela mesma encontre ou não razões para dar a ele qualquer tipo de confiança.

O livro é uma história de conexão e segurança.

Se muitas histórias de amores e prazeres só acontecem porque as pessoas se sentem inseguras e querem se provar desejadas evitando conexões, Clarice propõe uma outra aprendizagem.

Durante a leitura, a gente se pergunta muitas vezes os porquês da vida.

Por que amar se a vida é finita?

Onde Deus está?

Todo prazer é pecado?

São tantas aprendizagens neste livro dos prazeres…

Os livros da Clarice começam com vírgulas, letras minúsculas, reticências, dois pontos … Depois terminam com esses sinais que não fecham nada.

A sensação é de que passamos rapidamente pela vida das personagens sem muito tempo de imaginar seus antes e seus depois…

Como se o que realmente importasse fosse o “de repente” .

Do nada, a vida recomeça, do nada a gente aprende coisas profundas sobre nós mesmos.

Falar de Clarice e não mencionar a palavra EPIFANIA não dá.

São essas iluminações que de repente temos e que mudam nossa perspectiva.

A discussão aqui em casa sobre esse livro é se ele é sobre o feminino e sobre Lóri ou se é sobre a ideia de deus.

Essa discussão se deve, obviamente, porque mulheres e homens lêem Clarice e descobrem que o livro é sobre si.

E eu separei um dos trechos que mais me emocionaram na leitura. Ouçam o áudio.

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